quarta-feira, 2 de maio de 2012

OREI E NÃO FUI ATENDIDO parte l


Muitas vezes nos decepcionamos quando oramos e não somos atendidos nos nossos pedidos e súplicas.  Uns até enfraquecem na fé que tem em Deus, achando que Deus não se importa,  não se interessa pelas nossas causas.
Na verdade, esse comportamento, me faz lembrar uma passagem da minha adolescência: 
Estávamos no período final daquele ano e já fazíamos (eu e minha irmã mais velha, Rosane) nossos pedidos de presentes de Natal. 
Tínhamos uma festa privilegiada, com todas as iguarias típicas da época aqui no Rio de Janeiro.  Tínhamos uma árvore de natal enorme, com os mais lindos adereços.   E aí, fazíamos nossos pedidos, que sempre eram atendidos quando  passávamos de ano na escola, (e sempre passavávamos).  Eu lembro com clareza quais foram os meus pedidos: um cavalete com estojo completo de pintura, uma flauta doce, que de ouvido toco até hoje e uma “Maxxi Puch” cor cinza (uma espécie de bicicleta motorizada).
Lembro-me que a espera era muito emocionante.  Meu pai (que saudade dessa época) sempre nos presenteava com tudo que queríamos! Tivemos uma infância muito farta! Das primeiras TVs a cores (aquelas enormes, postas num móvel de jacarandá, coisa que não  se vê mais (que bom, visto pelo lado ecológico); as primeiras “Barbies” vindas dos EUA, aparelhos eletrônicos que não havia o Brasil e outros. 
Nunca fomos ricos, mas meu pai trabalhava na “Varig”, o que proporcionava a família viagens ao exterior e a compra de objetos que poucos possuíam naquela época.
Minha expectativa crescia a cada dia que se aproximava do natal, até que um dia, indo jogar ping pong no play, vi uma “Maxxi Puch” cinza, linda, numa caixa de papelão meio rasgada, demonstrando que alguém havia aberto para conferir a mercadoria ao receber.  Meu coração bateu desordenadamente!  Era meu presente tão esperado! Mas era uma regra esperar o dia de natal depois da ceia, para abrir os presentes.
Fiquei quieta. Nada comentei em casa, pois meu pai amava a parte “surpresa” da abertura dos pacotes.  Eu, todo dia ia ao play, e admirava minha “Puch”. Passava a mão nas partes expostas pela embalagem rasgada, limpava e me olhava no retrovisor... minha “Puch”!
Mas chegou o grande dia. Na hora dos presentes, aquele ritual da troca, recebi meu cavalete com estojo de pintura, minha flauta e...era só.  Aquela motinho não era minha. Era de um adulto que havia comprado para trabalhar.  Minha decepção foi tremenda. Chorei escondida, pois sempre fui boa filha e não queria que meus pais achassem que eu era mal agradecida.
Mas ele também, era um bom pai, e sabia da minha expectativa, sabia da minha frustração.
No dia seguinte, quando eu já estava com meu cavalete dando minhas primeiras pinceladas, ele me chamou e disse o quanto sentia por não ter comprado o presente que eu tanto queria. Foi então que ele explicou o quanto me amava e temia pela minha vida.  Ele se preocupava comigo andando em meio a ônibus, caminhões, num trânsito intenso do Humaitá com Lagoa Rodrigo de Freitas, que era a localidade em que morávamos. Ele também me conhecia e sabia que eu iria querer desbravar o Rio de Janeiro inteiro com a motinho.
Ele apenas me resguardou de algo que previu: um acidente que poderia ser fatal.  Ele me amava mais permitindo que eu tivesse aquela decepção do que fazendo a minha vontade e me vendo acidentada ou morta num futuro bem próximo.
Pois é.  Deus trabalha conosco assim também.  Ele é o Pai.  Ele sabe o que é melhor para nós. Ele nos conhece e sabe o que seremos capazes de fazer ou o quem pode acontecer se satisfizer todos os nossos desejos.
Mas essa é uma história de criança, e vou postar a continuação desse assunto, amanhã.
Espero você carinhosamente, pois ainda temos muito a conversar.

"Atende Senhor, a minha oração, dá ouvidos às minhas súplicas, responde-me segundo a tua fidelidade, segundo a tua justiça" 
Salmo  143:1

Carinhosamente, 
                     Soraya Barros.
                              






Um comentário:

  1. Excelente artigo, prezada Soraya Barros!!!
    Na verdade devemos orar sem nunca desaminar, por mais que pareça que Deus não se importa conosco. Só parece...

    Em Cristo,

    M. B. Matos!!!

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