Muitas vezes nos decepcionamos quando oramos e
não somos atendidos nos nossos pedidos e súplicas. Uns até enfraquecem na
fé que tem em Deus, achando que Deus não se importa, não se interessa
pelas nossas causas.
Na verdade, esse comportamento, me faz lembrar
uma passagem da minha adolescência:
Estávamos no período final daquele ano e já
fazíamos (eu e minha irmã mais velha, Rosane) nossos pedidos de presentes de
Natal.
Tínhamos uma festa privilegiada, com todas as
iguarias típicas da época aqui no Rio de Janeiro. Tínhamos uma árvore de
natal enorme, com os mais lindos adereços. E aí, fazíamos nossos
pedidos, que sempre eram atendidos quando passávamos de ano na escola, (e
sempre passavávamos). Eu lembro com clareza quais foram os meus pedidos:
um cavalete com estojo completo de pintura, uma flauta doce, que de ouvido toco
até hoje e uma “Maxxi Puch” cor cinza (uma espécie de bicicleta motorizada).
Lembro-me que a espera era muito
emocionante. Meu pai (que saudade dessa época) sempre nos presenteava com
tudo que queríamos! Tivemos uma infância muito farta! Das primeiras TVs a cores
(aquelas enormes, postas num móvel de jacarandá, coisa que não se vê mais
(que bom, visto pelo lado ecológico); as primeiras “Barbies” vindas dos EUA,
aparelhos eletrônicos que não havia o Brasil e outros.
Nunca fomos ricos, mas meu pai trabalhava na
“Varig”, o que proporcionava a família viagens ao exterior e a compra de
objetos que poucos possuíam naquela época.
Minha expectativa crescia a cada dia que se
aproximava do natal, até que um dia, indo jogar ping pong no play, vi uma
“Maxxi Puch” cinza, linda, numa caixa de papelão meio rasgada, demonstrando que
alguém havia aberto para conferir a mercadoria ao receber. Meu coração
bateu desordenadamente! Era meu presente tão esperado! Mas era uma regra
esperar o dia de natal depois da ceia, para abrir os presentes.
Fiquei quieta. Nada comentei em casa, pois meu
pai amava a parte “surpresa” da abertura dos pacotes. Eu, todo dia ia ao
play, e admirava minha “Puch”. Passava a mão nas partes expostas pela embalagem
rasgada, limpava e me olhava no retrovisor... minha “Puch”!
Mas chegou o grande dia. Na hora dos presentes,
aquele ritual da troca, recebi meu cavalete com estojo de pintura, minha flauta e...era só.
Aquela motinho não era minha. Era de um adulto que havia comprado para
trabalhar. Minha decepção foi tremenda. Chorei escondida, pois sempre fui
boa filha e não queria que meus pais achassem que eu era mal agradecida.
No dia seguinte, quando eu já estava com meu
cavalete dando minhas primeiras pinceladas, ele me chamou e disse o quanto
sentia por não ter comprado o presente que eu tanto queria. Foi então que ele
explicou o quanto me amava e temia pela minha vida. Ele se preocupava
comigo andando em meio a ônibus, caminhões, num trânsito intenso do Humaitá com
Lagoa Rodrigo de Freitas, que era a localidade em que morávamos. Ele também me
conhecia e sabia que eu iria querer desbravar o Rio de Janeiro inteiro com a
motinho.
Ele apenas me resguardou de algo que previu: um
acidente que poderia ser fatal. Ele me amava mais permitindo que eu
tivesse aquela decepção do que fazendo a minha vontade e me vendo acidentada ou
morta num futuro bem próximo.
Pois é. Deus trabalha conosco assim
também. Ele é o Pai. Ele sabe o que é melhor para nós. Ele nos
conhece e sabe o que seremos capazes de fazer ou o quem pode acontecer se
satisfizer todos os nossos desejos.
Mas essa é uma história de criança, e vou postar a continuação desse assunto, amanhã.
Espero você carinhosamente, pois ainda temos
muito a conversar.
"Atende
Senhor, a minha oração, dá ouvidos às minhas súplicas, responde-me segundo a
tua fidelidade, segundo a tua justiça"
Salmo 143:1
Carinhosamente,
Soraya
Barros.
Excelente artigo, prezada Soraya Barros!!!
ResponderExcluirNa verdade devemos orar sem nunca desaminar, por mais que pareça que Deus não se importa conosco. Só parece...
Em Cristo,
M. B. Matos!!!