Insistimos em dizer que são nossos. Aliás, o ser humano tem dentro de si uma característica de posse que lhe é peculiar; meu carro, meu quarto, minha igreja e com os filhos não seria diferente.
Vinícius de Moraes dizia no “Poema Enjoadinho”:
Filhos... Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?...
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?...
José Saramago define:
"Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem.”
Nosso Deus ensina:
4-Como flechas nas mãos do guerreiro são os filhos nascidos na juventude.” Salmo 127 :3 e4
Isso quer dizer, que filhos são para nós como presentes de Deus! Uma verdadeira recompensa. Os filhos são comparados a “flechas”. Flechas geralmente são lançadas pelo guerreiro para o alvo, com objetivo pré determinado. Os filhos com que Deus nos presenteia, precisam ser educados para atingirem o alvo. Ninguém em sã consciência cria filhos para serem inconvenientes, desagradáveis, rejeitados, discriminados, mal quistos. Nenhum guerreiro usa flecha torta, enferrujada, com ponta amassada. As flechas para servirem ao seu propósito, precisam ser bem polidas, pontiagudas, retas.
Precisamos cuidar melhor da educação dos nossos filhos. Como chegarão a ser alguém respeitado se não tem princípios e não lhe damos limites?
A permissividade resulta em crianças desagradáveis. As pessoas sorriem ao seu redor mas criticam seus comportamentos.
“ O filho sábio dá alegria ao pai; o filho tolo dá tristeza à mãe.” Pv 10:1
“Ruína é para o pai o filho insensato...” PV 19:13 a
Muito do que temos visto atualmente com jovens e adultos, são reflexos de uma educação conturbada, sem limites; de filhos que cresceram num lar desajustado ou sem a devida atenção de seus pais. Isso não tem relação com classe social. Tem relação com os princípios com que foram educados.
Para citar um exemplo bem atual:
Que tipo de educação ele recebeu? Que ser humano é esse que não tem respeito pela sua vida e nem pela do próximo? Que valores foram formados em seu caráter cuja preocupação dele era com seu carro e não com a vida da moça que ele acabara de matar?
“Disciplina teu filho e ele te dará descanso;dará delícias a tua alma” Pv 29:17
“A vara da correção dá sabedoria, mas a criança entregue a si mesma envergonha a sua mãe.”Pv 29:15
Temos eu instruir nossos filhos e isso não é fácil. Corrigir com a “vara”, não significa espancar, queimar, maltratar a criança. O segredo para criar filhos dos quais nos orgulhemos não são tantos que não possamos por em prática:
Um deles é “Sabedoria”:
A sabedoria humana é muito importante sim. Ela nos ajuda a compreender as fases do desenvolvimento, a dar os estímulos certos em cada fase da vida de nossos pequeninos, a ensinar-lhes os deveres de casa...mas não é suficiente.
Vejo jovens ao meu redor, filhos de amigos ou antigos alunos e fico muito triste quando descubro que são usuários de drogas ou viciados em álcool. Muitos deles vi junto com seus próprios pais (ainda adolescentes), bebendo num bar...
Sabedoria!
Já presenciei uma mãe desesperada aos prantos e gritos correndo pela rua, a procura de sua filha adolescente, que se encontrava escravizada pelas drogas. Hoje ela já não está entre nós por causa de uma overdose.
Quantos deles já morreram, quantas delas estão se prostituindo em troca de drogas. Não me refiro à classe social nesse texto, pois sei que muitas se prostituem para terem algo na sua vidinha miserável e inclusive muitas o fazem com apoio dos seus pais; que é outro assunto a ser abordado em outro momento. Falo daquelas crianças e adolescentes que mesmo com família, não tiveram um acompanhamento na sua formação, não foram instruídos e acompanhados devidamente e lá na frente, na fase adulta (quando chegam até ela) tem deformações em seu caráter.
Com isso os filhos crescem sendo os “consumistinhas”, exemplo dado por seus pais e quase batendo neles quando lhes negam alguma coisa. Monstrinhos? Alienadinhos? Interesseirinhos? Em que base estamos criando nossas crianças? Na base do amor? Na base da confiança? Na base do diálogo? Ou estamos deixando os crescerem com suas próprias escolhas sem nenhuma orientação, sem dar-lhes atenção e conhecer quem são e contruir com eles a sua formação como pessoa?
Não quero ser enfadonha e vou dividir esse assunto em duas partes. Ainda tenho muito o que dizer e espero que você retorne para a conclusão.
Para encerrar essa primeira parte, faço minhas as palavras do Apóstolo Paulo aos Coríntios:
“Não estou tentando envergonhá-los ao escrever estas coisas, mas procuro adverti-los, como a meus filhos amados.” 1 Co 4:14
Carinhosamente,
Soraya Barros
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